Total de visualizações de página

2 de julho de 2012

“Nos últimos dias, eu comecei a achar as nuvens cinzas mais bonitas e puras do que as branquinhas. E eu me preocupei com isso. Antes de dormir, eu sentia medo de fechar os olhos e nunca mais abri-los. E com o tempo e por simplesmente ouvir o que as pessoas diziam, eu entendi que não era medo de não poder mais acordar. Acontece que nos sonhos eu podia ser quem eu quisesse, as coisas eram melhores, eu sentia a felicidade em mim. E ao acordar, toda a sensação boa se ia, sorrateiramente, diante dos meus olhos. Eu tentava puxá-la de volta pra mim, mas era como tentar pegar fumaça. Como tentar pegar fumaça com as mãos. E o dia passava cinza, até a noite chegar. Por mais idiota que isso seja, a escuridão tinha mais cor do que o céu azul. Talvez porque, a escuridão me permitia pintar o céu do jeito que eu quisesse, enquanto o dia era azul e ponto. Isso faz sentido? E enquanto o céu tá chuvoso pra você, eu estou toda molhada pintando o meu de cor-de-rosa. E eu tô feliz por dentro, mas eu não sei mais transparecer o que eu sinto. E por essa razão, eu não sei amar. Às vezes, eu acho que estou amando e aí eu me perco no meio do meu céu pintado e eu já não sei mais o que eu tô sentindo. Às vezes, eu acho que meu céu é você e que, à noite, eu sou feliz porque posso ficar contigo, te pintar e te deixar feliz. E de dia, eu e você somos cinzas. Distantes. Sempre nos imagino coloridos no meio de todo o cinza. Mas só imagino e nos pinto no meio da imaginação. É uma sensação bem boa. Quando nos tocamos, ficamos quase azuis como o céu, e voltamos pro cinza numa questão de segundos. Hoje você me abraçou e ficamos coloridos de arco-íris. Imagina a imensidão de cor quando tua boca encostar na minha. Ah, meu bem, depois disso, eu não vou mais precisar pintar o céu à noite.”
— E, eu não vejo a hora de não precisar mais pintar o céu a noite…
- Por Júlia Trindade (pourelise)

Nenhum comentário:

Postar um comentário