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15 de setembro de 2012

E o caminho parece ser infinito. Parece que estou a muito mais do que décadas nessa avenida asfaltada, quando na verdade ainda nem virei a esquina da padaria do seu Zé. Enquanto não chego, fico ensaiando e reensaiando o que vou dizer quando você abrir a porta, ou pelo menos a cortina da janela... Como se eu nunca tivesse ensaiado isso com a parede escura nas madrugadas de domingos. Nunca havia reparado no quão grandes e assustadores esses out-door's que me param no caminho são. Observo cada um deles, fingindo que não tenho algo mais importante a fazer. Vai ver nem tenho mesmo. Já poderia ter chego, mas estou a dar a terceira volta em seu quarteirão, vai ver comece a chover e eu tenha que voltar, e não seria minha culpa, ou você saísse de casa... Vai ver eu criava coragem. Sabe, os 20 segundos de coragem. Mas foram muito mais do que 20. Ou do que 100. Eu fiquei por horas batendo em sua porta, sem resposta. Você estava lá, e saiu quando já anoitecia. Passou por mim, como se nunca tivesse passado, com o seu moletom vermelho passou como se eu não estivesse parada ali ofegante para falar o que precisava. Incrível, achou que se colocasse o capuz do moletom a chuva que começou a muito menos do que os 20 segundos não te faria vítima, enquanto meu cabelo parece que vai desmanchar, ou evaporar. Eu falei... e você não escutou, assim como a parede na madrugada.

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